Quem é assinante de serviços de streaming focados em filmes e séries — como a Netflix, por exemplo — já deve ter recebido e-mails com títulos como “Acho que você vai gostar de ver esse filme…” ou algo parecido com isso. Não se trata de mágica ou bruxaria, e sim de ciência.
Os algoritmos são estudados na ciência da computação e têm como missão encontrar soluções para problemas específicos. No caso da Netflix, eles são programados de forma a facilitar a vida do usuário: em vez de ficar horas percorrendo o imenso catálogo do serviço, o próprio aplicativo já sugere algo para assistir, baseado nas experiências anteriores do assinante.
Mas os algoritmos não servem apenas para nos avisar que saiu um novo filme do Batman ou a nova temporada de “O Gambito da Rainha”: eles também podem, por exemplo, ser usados na área da saúde. É o que muitos setores vêm fazendo durante a pandemia de COVID-19.
Algoritmos e inteligência artificial no combate à Covid-19
Por meio do uso da Inteligência Artificial e de Advanced Analytics, torna-se possível “prever” os rumos do coronavírus, dar suporte à logística de distribuição de vacinas e até mesmo antecipar a quantidade de pessoas infectadas em um determinado período. Isso tudo com base em análises de dados e de cenários detalhados.
No entanto, é preciso esclarecer que nenhum ser humano ou algoritmo poderia ter previsto o início da pandemia. Trata-se de uma situação rara, de exceção, o que a torna impossível de ser prevista — pelo menos por enquanto.
Acompanhe alguns exemplos de como a IA e os algoritmos podem dar suporte na busca de soluções para a pandemia:
Estimar a evolução temporal e espacial da pandemia
Ao estimular a população a fornecer dados a respeito de seu comportamento durante a pandemia, além de informações sobre seu estado de saúde, é possível determinar — com o auxílio de algoritmos — regiões onde podem surgir surtos da doença, além do momento em que isso tende a ocorrer. Israel é um dos países que investiu nesse tipo de solução baseada em Inteligência Artificial.
Detectar o vírus e prever resultados
Muitos pacientes com sintomas de COVID-19 se deparam com resultados negativos nos exames específicos para a doença (como o popular RT-PCR), ou não têm acesso a esse tipo de teste. Uma solução com suporte de algoritmos foi desenvolvida para aumentar a capacidade de diagnosticar a doença a partir de exames de imagem.
Ao alimentar uma espécie de banco de dados com as imagens de tomografias do pulmão dos pacientes e compará-las com os exames de milhares de outras pessoas, é possível identificar a COVID-19 e dar início ao tratamento. No Brasil, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foi o primeiro a usar a IA como forma de diagnosticar o novo coronavírus.
Os algoritmos ainda ajudam a indicar se a condição de determinado paciente é mais leve ou mais grave, baseado na análise feita das imagens, o que ajuda a prever como a doença pode se desenvolver. Dessa forma, o encaminhamento para um tratamento mais intensivo pode ser dado aos pacientes que tiverem maior necessidade, com base nas informações trazidas pela IA.
A distribuição de leitos também pode ser prevista com base no suporte da IA, que a partir de dados variados consegue estimar com maior precisão a necessidade por um tratamento constante e o potencial de recuperação de um paciente, por exemplo.
Auxílio na logística hospitalar
A Inteligência Artificial, o machine learning e as tecnologias de análise preditiva também podem ajudar os hospitais a se prepararem melhor para momentos de grande demanda por serviços de saúde. Ao entender em que momentos os casos de COVID-19 podem ter um pico e aqueles em que a curva será achatada — com o suporte de algoritmos e dados —, é possível se antecipar às necessidades de materiais, medicamentos, equipamentos e profissionais.
Essas tecnologias ajudam a prever o perfil dos pacientes, a incidência da doença, as taxas de ocupação de leitos e os custos decorrentes. E isso não apenas durante uma pandemia, mas em outras situações-limite dentro do segmento, como doenças sazonais, entre outras.
Auxiliar no desenvolvimento de vacinas
A Inteligência Artificial também foi decisiva no desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19 que já começaram a ser aplicadas na população em caráter emergencial ao redor do mundo. Ao prever a estrutura tridimensional de proteínas que afetam o organismo, torna-se viável compreender o funcionamento de vírus como o SARS-CoV-2, a respeito do qual nada se sabia no início da pandemia.
Foi o acesso a esse conhecimento que viabilizou o desenvolvimento de vacinas tão rapidamente (menos de um ano, um tempo recorde), permitindo que as esperanças de um retorno à normalidade se tornassem reais.
Priorizar a distribuição da vacina
Mais do que desenvolver uma vacina, porém, é fundamental elaborar as estratégias logísticas para distribui-la para a população. E isso de forma rápida, emergencial, em função do número crescente de vidas perdidas e dos impactos socioeconômicos do vírus na humanidade.
Pensar em locais adequados e o tempo necessário para o armazenamento das vacinas, rotas de distribuição, grupos prioritários, quantidades de vacinas a serem entregues, entre diversos outros fatores logísticos, são elementos identificados com maior facilidade e eficiência a partir do suporte de tecnologias como o Advanced Analytics.
Como dito no início do artigo, os algoritmos ainda não conseguem prever quando e se uma nova pandemia poderá surgir, e há questões relacionadas à saúde e à ética no tratamento dos pacientes que vão além do que a IA consegue responder.
Além disso, apenas um evento, como o surgimento da COVID-19, não é capaz de gerar dados suficientes para prever respostas em outras pandemias. Mas os algoritmos podem, sim, ajudar as empresas a tomarem melhores decisões depois que uma situação como essa ocorre.
Certo mesmo é que lidar com uma pandemia é bem melhor quando se pode contar com os algoritmos. Já ficou provado que seu apoio na gestão de leitos, na logística hospitalar, na produção e na distribuição da vacina, para citar apenas alguns exemplos, vem sendo decisivo para que as condições sanitárias não tenham se tornado ainda mais desafiadoras nos últimos meses.
Esperamos que o artigo tenha sido esclarecedor a respeito do papel dos algoritmos, da Inteligência Artificial e do machine learning na busca por soluções relacionadas à pandemia de COVID-19.
Continue conosco: confira nosso artigo sobre IA e os desafios do coronavírus.