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Diferentemente do que muitos pensam, transformação digital não é sobre softwares ou tecnologias, ou pelo menos não só. É sobre como evoluir os negócios por meio das novas possibilidades e práticas digitais. Diante deste cenário, um elemento vem multiplicando seu valor e importância: os dados, combustível essencial para descobrirmos histórias importantes capazes de determinar o sucesso ou fracasso de nossos negócios.

 

Investimentos em IoT, massificação de uso da internet e redes sociais, disponibilidade de armazenamento quase irrestrita inundam nosso meio de dados. Paralelamente, o advento da cloud vem estabelecendo-se como motor da transformação digital, ao democratizar a capacidade de processamento necessária para que estes dados sejam tratados e cumpram, de fato, a promessa de trazerem insights que não seriam visíveis de outra maneira.

 

Foco no cliente

Um aspecto curioso é que o grande mote da transformação digital é entregar valor mais rapidamente aos clientes, o que, à primeira vista, parece ser justamente o mesmo objetivo das corporações há anos. Exceto por um detalhe importante: quem mudou não foram as empresas, mas o consumidor, que está mais conectado e com grande mobilidade nos acessos digitais, tornando-se mais exigente. Agir rapidamente é essencial, mas também é preciso promover experiências diferenciadas na busca por encantar e fidelizar este cliente. Simplicidade e personalização são palavras-chave nesse contexto.

 

Desafios da mudança digital

Independentemente do nível de maturidade e engajamento das empresas em relação à transformação digital, não é exagero afirmar que esse é um caminho sem volta. Se há algum impedimento à sua realização, está muito mais ligado a pessoas do que à tecnologia, processos ou ferramentas. Isso porque as inovações proporcionadas pelas recentes possibilidades tecnológicas exigem uma mudança radical na forma de pensar e conduzir os negócios. É natural que haja uma resistência com os novos paradigmas trazidos pela transformação, mas as organizações precisam incentivar novas formas de pensar e dar abertura para a criatividade e o pensamento “fora da caixa” de seus colaboradores.

 

Um outro risco à transformação digital é acreditar que apenas a tecnologia é suficiente para promover as evoluções necessárias em seus negócios. É a euforia com as falsas panaceias que impedem que os novos processos sejam implantados com o cuidado necessário.

 

Na prática

Não precisa ser nenhum especialista para saber que empresas que não se adaptarem aos novos paradigmas perderão espaço no mercado. Imagine a situação de compra de um produto em uma rede de varejo para ser entregue na sua casa e pense em quanto você estaria disposto a, talvez, pagar um pouco mais pelo segundo cenário:

 

Cenário 1: a empresa informa que fará a entrega em determinado dia no período da manhã (o que já é um avanço ao que era praticado antigamente) e, de fato, a faz.

Cenário 2: a empresa informa que fará a entrega em determinado dia, entre 9h e 11h e, por meio de um app você consegue acompanhar dinamicamente onde está o caminhão, o percurso que fará até sua residência, o horário previsto atualizado da entrega, etc. Imagine que você consiga, inclusive, interagir com o entregador.

 

O primeiro cenário mostra bom nível de serviço, mas que já não será suficiente como diferencial competitivo. O segundo, por sua vez, além do nível de serviço, promove uma experiência de atendimento mais próxima e personalizada ao cliente.

 

Inteligência Artificial

Na era 4.0, impulsionada pela transformação digital, se os dados são o combustível e a cloud é o motor, a inteligência artificial é a grande protagonista e principal responsável por fazer o conjunto funcionar com alta performance. Ela é hoje o que já foi o carvão, a eletricidade e a informação nas revoluções anteriores.

 

A inteligência artificial, nas suas diferentes formas e aplicações, está mudando a maneira como interagimos com a máquina, como geramos e tratamos as informações e, sobretudo, como tomamos nossas decisões.

 

Os agentes cognitivos, por exemplo, buscam fazer com que a máquina reproduza ações tipicamente humanas. Os algoritmos “leem” textos não estruturados, “conversam” e “ouvem” em linguagem natural, interpretam o “tom” da conversa, “enxergam” e distinguem objetos em figuras. No final da década de 90, por exemplo, a UniSoma já desenvolvia algoritmos de visão computacional capazes de estimar pesos de frangos em uma linha de corte sem a necessidade de interferir no andamento do processo.

 

Modelos matemáticos e heurísticas de otimização permitem prescrever políticas de ação e dar suporte a decisões em cenários bastante complexos, envolvendo uma infinidade de variáveis e restrições. Algoritmos de machine learning, com sua estrutura de aprendizado, são capazes de identificar padrões, categorizar e classificar identificadores, combinar e correlacionar variáveis, prever acontecimentos, entre outros, de forma muito mais eficiente do que o empírico, quando supridos com bases de informações de qualidade. Tudo graças à inteligência artificial.

 

O desafio de modificar a cultura corporativa para lidar com tecnologias e dados é latente e o quanto antes as empresas reconhecerem essa necessidade e tomarem medidas para se adaptar a este novo ecossistema, melhores serão suas vantagens competitivas no mercado. Com benefícios em termos de otimização do fluxo de produtos e serviços; melhores resultados financeiros; melhor relacionamento e atendimento das necessidades do cliente; processos mais ágeis e precisos e pessoas e equipes mais conscientes e preparadas.

 

Este é o primeiro de uma série de três artigos em que vou compartilhar algumas percepções sobre transformação digital, tecnologias e inovação. Nos próximos, trarei os pilares da transformação, machine learning e algumas aplicações na vida real. Convido você a seguir acompanhando o blog para não perder nenhum detalhe.

 

* Por Luciano Moura, Diretor de Negócios da UniSoma 

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