Há algum tempo a inteligência artificial (IA) vem ajudando empresas de diversos segmentos a se tornarem mais eficientes e a atingirem a excelência operacional. E também não é de hoje que contribui com iniciativas que compõem o ESG das organizações — antes mesmo da sigla para environmental (E), social (S) e governance (G) ganhar as proporções de atualmente.
As tecnologias avançadas ajudam a identificar áreas de desperdício, otimizam o consumo de energia e de recursos, permitem que as empresas se antecipem e se preparem para possíveis mudanças no ambiente regulatório e no mercado, bem como controlam a emissão de poluentes.
Ou seja, têm papel decisivo em alavancar práticas empresariais mais responsáveis e sustentáveis. No setor siderúrgico, por exemplo, há tempos a IA integrada às operações ajuda as indústrias a aumentarem sua eficiência, ao mesmo tempo em que miram na redução dos impactos ambientais.
Neste conteúdo, vamos explicar algumas contribuições da IA para siderúrgicas, como é o caso da ArcelorMittal.
UniSoma e ArcelorMittal: parceria de longo prazo
A parceria entre UniSoma e ArcelorMittal é de quase três décadas, com uma série de aplicações em vários pontos da cadeia de suprimentos. Ainda que as ferramentas tenham como objetivo reduzir custos, minimizar a margem e maximizar a lucratividade da empresa, a ArcelorMittal sempre se preocupou em atuar com iniciativas que impactam em boas práticas ambientais — antes mesmo da empresa anunciar investimentos em áreas que fazem parte da agenda ESG da companhia.
Então, vamos citar pelo menos quatro aspectos que representam esse cenário, contando com a colaboração do Eduardo Milanez, sócio da UniSoma e experiente em projetos no setor siderúrgico, e Luciano Moura, Diretor Comercial da UniSoma.
4 aplicações da UniSoma que impactam em boas práticas de ESG para siderúrgicas
1) Supply chain do carvão mineral
O coque metalúrgico é um tipo específico de combustível sólido essencial para a produção de aço em larga escala devido às suas propriedades físicas e químicas. Ao ser queimado no alto-forno, alcança temperaturas muito altas que ajudam a reduzir o minério de ferro, removendo os componentes oxigenados e deixando o ferro metálico.
Como o coque é produzido a partir do carvão mineral em um processo chamado de coqueificação, o supply chain para abastecer as coquerias em siderúrgicas envolve uma série de etapas que abrangem desde a extração do carvão mineral até o seu processamento e transporte. Vamos citar as principais particularidades desta cadeia:
A ferramenta da UniSoma
Considerando todas essas variáveis, a UniSoma desenvolveu uma ferramenta que possibilita fazer a logística de embarque e marítima de modo a atender o abastecimento das coquerias a um custo mínimo. O chamado Plano de Mistura para cada time bucket é calculado simultaneamente à programação de (des) embarque para cada processo de mistura.
O blending satisfaz os requisitos de qualidade para a mistura e para os produtos finais (como o coque) assim como condicionantes de participação na mistura. Em outras palavras: o algoritmo determina o mix de carvões que deve ser importado no período de um ano de modo a resultar na mistura adequada para produzir o coque.
O resultado é redução de custo (em matéria-prima e no frete marítimo), melhor eficiência operacional e, consequentemente, menor impacto ambiental. Afinal, o abastecimento das matérias-primas favorece a otimização do transporte desses materiais e o blend ideal significa uso adequado dos recursos naturais, redução de desperdício e de poluentes.
2) Matriz energética
A matriz energética das siderúrgicas tem uma variedade de fontes que alimentam suas operações, o que pode incluir uma combinação de fontes convencionais e renováveis. Cada vez mais, as indústrias têm adotado tecnologias mais limpas e fontes de energia renováveis para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, as emissões de carbono e impulsionar a sustentabilidade a longo prazo.
Na ArcelorMittal, esse processo começou há pelo menos mais de duas décadas. Em 2000, a UniSoma construiu uma ferramenta com objetivo de fazer uma programação mais operacional do consumo da geração de energia e de utilidades dentro da usina. Vamos explicar melhor.
Durante o processo de coqueificação, há a emissão do chamado gás de coqueria. No alto-forno, também é emitido o BSG (Blast Furnace Gas), que em português significa “Gás de Alto-Forno”. Ambos são uma mistura de vários compostos: hidrogênio, metano, monóxido de carbono, dióxido de carbono, nitrogênio, entre outros.
Esses subprodutos são frequentemente usados como combustível em outras etapas do processo siderúrgico. Aqui, o algoritmo consegue determinar quais processos devem ser escolhidos para atender a demanda, ao menor custo, de forma a queimar menos gases na atmosfera e ter uma matriz energética mais eficiente, usando os subprodutos e coprodutos resultantes desse processo.
3) Emissão de poluentes
Conforme dissemos acima, o carvão mineral tem oito propriedades que precisam ser consideradas simultaneamente para fazer o blend adequado. Ele não pode gerar muita cinza, tampouco muito enxofre, que é um elemento químico mais poluente.
Há também outros processos em uma siderurgia que resultam em materiais poluentes, como a “cinterização”. Por isso, há todo um protocolo na mineração da ArcelorMittal que mitiga a emissão de particulados compatíveis com a emissão ambiental.
O modelo matemático desenvolvido pela UniSoma também contribui no uso racional de coprodutos dos recursos usados na usina e programa uma mistura aderente à legislação ambiental.
4) Laminação do aço
Para a produção de chapas de aço, o processo geralmente envolve a passagem do material por uma série de cilindros em uma máquina chamada laminadora. Essa laminação é que transforma o aço em produtos acabados, como chapas, folhas, perfis e outras formas.
Para a laminação, é preciso esquentar as placas. Se há um favorecimento direto das placas do lingotamento (despejo do aço líquido em moldes) para a laminação, há menor gasto de energia para aquecer as placas (que já vêm quentes).
A UniSoma fez um estudo para favorecer essa programação integrada do lingotamento para a laminação, o que propicia ganhos de natureza energética e se reflete em ganhos na agenda ESG.
IA e ESG: olhar como oportunidade — e não apenas exigência
Em 2022, a ArcelorMittal Tubarão foi a primeira planta industrial nas Américas e fora da Europa a obter a certificação de sustentabilidade das suas operações pelos padrões da ResponsibleSteel™. O selo é um padrão europeu que conta com 12 critérios nas áreas ambiental, social e de governança, certificando as empresas que contribuem para a sociedade.
Para a UniSoma, a certificação não é uma surpresa: a siderúrgica sempre se preocupou em produzir aço de maneira responsável — contando com a tecnologia para isso. As ferramentas que a UniSoma desenvolveu para a ArcelorMittal ao longo de todos esses anos, além de colaborarem para o objetivo principal a redução de custos e ampliação da margem, indiretamente contribuem com a agenda ESG.
Na década de 90, quando tudo isso começou, a sigla ainda não era conhecida – tampouco havia uma preocupação tão latente como agora. Mas, em tempos atuais, olhar para critérios ESG é praticamente uma exigência e também uma oportunidade.
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